quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lazer é Coisa Séria

Lazer é coisa séria


O lazer  promove a estimulação de nossos centros cerebrais de recompensa associados ao prazer. Essas são as mesmas regiões do cérebro estimuladas quando nos deliciamos com um saboroso alimento, quando experimentamos a paixão, quando compramos algo novo e muito desejado, quando temos atitudes altruístas ou quando solucionamos um problema. A ativação desses centros leva à liberação de uma série de neurotransmissores como dopamina, serotonina, endorfina, e que estão associados à sensação de prazer. O lazer é uma das maiores oportunidades para fugirmos da rotina, da repetição. Assim nosso cérebro vivencia o novo e o inesperado, que são fatores críticos para a estimulação de nossos centros de recompensa, com boas repercussões sobre a saúde psíquica e o estado imunológico.

Um meio rico em estímulos promove ainda uma maior saúde de regiões cerebrais tais como o hipocampo, que está relacionado a uma maior atividade cognitiva e menor risco de depressão. Há uma forte linha de pesquisas mostrando-nos que os idosos que mantêm ativas suas atividades de lazer têm menos risco de desenvolver a Doença de Alzheimer.

Diferentes modalidades de lazer também têm sido demonstradas como ferramentas preciosas para o tratamento de pessoas doentes: música, literatura, teatro e pintura. A música, por exemplo, aumenta a velocidade de recuperação de pacientes na fase aguda de um derrame cerebral, reduz a agitação de adultos em unidades de terapia intensiva e melhora o comportamento de crianças internadas com transtornos psiquiátricos.

O lazer tem sido levado cada vez mais a sério, e não devemos achar que sua importância seja restrita a sociedades super-desenvolvidas como o Estado de bem-estar social sueco. No Brasil ainda temos que suar muito a camisa para alcançarmos padrões mínimos desejáveis de desenvolvimento social, e estamos melhorando. O lazer associado ou não ao esporte pode ajudar a alavancar ainda mais esse desenvolvimento. Do ponto de vista de política pública, o lazer é um investimento relativamente barato com frutos em várias dimensões do desenvolvimento humano: saúde é só uma delas !
 
Renata. C. P. Sobrinho
 
 
http://www.senado.gov.br/portaldoservidor/jornal/jornal90/comportamento_lazer.aspx

terça-feira, 13 de novembro de 2012

- Equilíbrio entre trabalho e lazer evita doenças e aumenta produtividade

Érica Nacarato
Não é incomum, nos dias de hoje, vermos profissionais levando trabalho para terminar em casa ou ficando mais horas do que o necessário no escritório. Com isso, acabam deixando de lado o pouco tempo destinado ao lazer e, muitas vezes, entram em um ciclo vicioso de trabalho, que os consome quase que integralmente. Mas será que é tão difícil assim equilibrar vida profissional e pessoal?
A Ph.D. e presidente ISMA-BR (International Stress Management Association), associação internacional, sem fins lucrativos, voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento de stress no mundo, Dra. Ana Maria Rossi, acredita que o trabalho em excesso é, infelizmente, uma realidade brasileira, e que os profissionais estão com as suas jornadas de trabalho cada vez mais longas. Para a psicóloga, isso pode ser explicado por dois fatores: as empresas estão diminuindo cada vez mais o número de funcionários, mas a quantidade de trabalho só aumenta; e os profissionais estão se sentindo intimidados de sair no horário certo, já que muitos dos seus colegas ficam além do horário exigido no escritório.
“Muitas vezes, as pessoas se sentem compelidas a alongar essa jornada, não por terem coisas para fazer, mas porque todos os seus colegas de trabalho estão no escritório, e sair antes pode parecer uma traição ou não vestir a camisa da empresa; com isso, elas não têm coragem de ir embora, se intimidam com a saída. Além disso, as empresas estão enxugando e já enxugaram a quantidade de funcionários, e um departamento que tinha dez pessoas, por exemplo, hoje tem seis, mas as tarefas responsáveis a esse grupo são as mesmas. Com isso, o profissional acaba ficando mais tempo na empresa, ou quando isso não acontece, levam trabalho para casa”, explica a psicóloga.
Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade, e fundador da Triad PS, empresa multinacional especializada em programas e consultoria na área de produtividade, colaboração e administração do tempo, atribui essa falta de tempo dedicado ao lazer, à pressão do dia a dia. Segundo o especialista, as pessoas estão sempre correndo, o trabalho exige demais delas, e a pressão é grande, então se tiverem que tirar alguém da agenda, preferem tiram elas próprias.
Entretanto, Christian alerta que essa cultura nem sempre é da empresa, mas sim do próprio funcionário. “Algumas companhias exigem que o profissional venda a sua alma pra elas. Mas a maioria acaba entendendo que é importante para o funcionário ter equilibro com outras coisas além do trabalho. Principalmente agora, com a geração Y, que são pessoas que estão buscando qualidade de vida, acredito que as empresas estão começando a acordar pra isso”.
Para os entrevistados, o tempo de lazer é extremamente importante para qualquer profissional, pois além de permitir que ele recupere a sua energia, o ajuda a manter o equilíbrio e a minimizar o impacto da rotina, além, claro, de aumentar a sua produtividade. “Muitas vezes, ao querer trabalhar demais, por períodos muito prolongados, muitos profissionais terminam perdendo uma parte importante do seu trabalho que é a criatividade. E essa funciona no sentido exatamente oposto ao do cansaço mental. Então, digamos que o lazer é mais do que uma necessidade, é um benefício que a pessoa não tem como substituir”, afirma Ana Maria.
As consequências do trabalho em excesso, podem gerar problemas tanto físicos, como emocionais e comportamentais. Segundo a presidente do ISMA-BR, o profissional pode perder produtividade, começa a ter um problema de ineficácia, torna-se mais agressivo e ter a sua saúde afetada. “Um relatório que demoraria três horas pra ser feito, começa a levar o tempo todo, já que a pessoa está mentalmente casada. Ela passa, também, a ter mais conflitos no trabalho, já que está mais irritada; além de problemas físicos, como dores musculares e de cabeça, pressão arterial alta, frequência cardíaca acelerada, dificuldade para dormir e sono agitado. Somado a tudo isso, o profissional pode perder o desejo sexual e apetite ou começar a comer demais. Esses são alguns indicadores de que ele está extrapolando o seu limite”
A relação com pessoas importantes, como parentes e amigos, também pode ser afetada, já que o profissional não consegue mais ter tempo para elas, deixando de lado até as coisas que ele gosta de fazer para se divertir.
Para evitar chegar a esse ponto de desgaste físico, mental e emocional, Christian Barbosa aconselha incluir os momentos de lazer na agenda. “Se durante a semana você terá um dia que será muito cansativo, então no outro dia tente, por exemplo, almoçar no shopping, e fazer aquelas massagens mais rápidas, ou algo que te ajude a relaxar. Ou sai um dia do trabalho e, ao invés de ficar no trânsito, vá a um cinema. Se dê pequenas pausas ao longo da rotina, isso ajudará a criar momentos de lazer de forma mais constante e evitará chegar ao topo do problema”.
Apesar de ser cada vez mais comum o número de pessoas que sobrecarregam o seu tempo com trabalho, Ana Maria Rossi acredita que a maior parte das pessoas já começa a se preocupar com o excesso de trabalho, porém, apenas um grupo extremamente reduzido tem a iniciativa e coragem de fazer alguma coisa a respeito. “A maior parte se intimida, e se cobra por não estar fazendo aquilo que acha que deveria estar fazendo. É importante que a pessoa não apenas reconheça que está ultrapassando o seu limite, mas que possa desenvolver um plano de ação, que tenha iniciativa pra mudar isso. E uma das perguntas mais importantes que ela deve se fazer é: se eu não terminar essa tarefa hoje, que consequências vai ter? Normalmente, o que vamos notar é que não terá impacto nenhum, ficará apenas para o dia seguinte”.
Conseguir equilibrar o tempo de lazer com o trabalho não é só importante, mas essencial. “A pessoa que não tiver esse equilíbrio, com certeza terá problemas. É preciso colocar o tempo livre na agenda, e começar a buscar um lazer que esteja mais no seu dia a dia. É só parar e se preocupar com esse problema, pois às vezes o profissional não se preocupa, e deixa a rotina tomar conta da sua vida e não a vida tomar conta da rotina”.
Administrando bem o seu tempo, a pessoa conseguirá ser mais criativa, ter mais qualidade no seu trabalho, além de mais satisfação e motivação. Lucrando, assim, tanto o profissional como a empresa.

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Fonte: Equilíbrio entre trabalho e lazer evita doenças e aumenta produtividade | Portal Carreira & Sucesso

O Corpo Produtivo no Mundo do Trabalho da Educação Física, Esportes e Lazer

Por: Mauricio Roberto da Silva, Giovani Delorenzi Pires
Motrivivência - v.22 - n.35 - 2010







Resumo

A ementa que norteou a submissão dos artigos teve como conteúdo as seguintes formulações: Trabalho, Educação e Formação Humana; Educação Física, Esporte e Lazer e as metamorfoses do trabalho na atualidade; Dimensões da crise estrutural do capital e suas conseqüências para/na Educação Física, Esporte e Lazer; Precarização e exploração do trabalho na Educação Física, Esporte e Lazer; Neoliberalismo, sistema CREF/CONFEF, Diretrizes Curriculares e a apologia ao “mercado de trabalho”; As relações entre saúde e trabalho no cotidiano dos professores e professoras de Educação Física; Formação Profissional, Mundo do Trabalho e Sindicalismo.
Endereço: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2010v22n35p07
INTRODUÇÃO

Um dos conceitos de lazer pode ser o de se praticar alguma atividade prazerosa durante um determinado tempo do dia. Essas atividades podem ser desde ler um livro, ver TV, ouvir uma música, até dançar, fazer um cooper, jogar boliche, tênis... O importante é que se pratique uma atividade de lazer ao, dia. Por quê? Em uma sociedade onde a globalização chegou muito rápido e junto com ela a tecnologia, a tendência de nós, seres humanos, é cada vez mais vivermos isolados e sozinhos, em frente ao mais famoso e discutido invento do homem: o microcomputador. Nem que seja durante uma hora, ou talvez, até minutos do dia, é necessário termos um momento em que possamos sentir prazer e/ou diversão por alguma coisa.



Lazer e turismo na história

O lazer e o turismo são fenômenos que vêm ganhando um peso cada vez maior no quotidiano da vida moderna. De elementos da vida aristocrática, reservados aos integrantes do topo da pirâmide sócio-econômica das sociedades pré-modernas, o lazer e o turismo tornaram-se acessíveis a um público cada vez mais extenso, graças aos processos de democratização ocidental (como a Revolução Francesa e a Revolução Americana) e ao progresso tecnológico e organizacional, que aumentou a produtividade, reduziu custos e as jornadas de trabalho e elevou o nível de recursos disponíveis para consumo discricionário (inclusive de tempo) em mãos de camadas cada vez mais amplas da sociedade.

No século XX, o lazer e o turismo tornaram-se atividades de massas, trazendo à tona, assim, muitas oportunidades de novos negócios; e passaram a ser objeto de investimentos e administração profissionais. Após a Segunda Guerra, atingiram um patamar de crescimento que fez com que, do ponto de vista econômico, passassem a ser considerados como "indústrias". Atualmente a indústria e os serviços ligados ao lazer e ao turismo estão entre os campeões de crescimento, alinhando-se seguramente entre os mais promissores para o futuro.



Definição de lazer

A definição mais conhecida de lazer é do sociólogo francês Dumazedier. Este autor define lazer da seguinte maneira: “o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais”.

Mas atualmente, especialistas como Prof. Valmir José Oleias falam que:

a) o lazer tem sido, historicamente, uma atividade necessária ao desenvolvimento bio-psíquico-social do homem;
b) o lazer está relacionado à disponibilidade do tempo livre;
c) o lazer diz respeito mais diretamente às classes privilegiadas pela sua situação sócio-econômica;
d) por fim, a prática do lazer é influenciada, sobretudo pelo Estado, na medida em que este pode implementar políticas públicas para o setor, além de oferecer espaços físicos necessários e adequados para a sua execução.



Tipos de lazer

Lazer doméstico: atividades prazerosas que podem ser realizadas dentro do próprio lar e que proporcionam interação e diversão da família. Ex: olhar TV, jogos de tabuleiro, navegar na internet.

Lazer turístico: abrange viagens e passeios com o propósito de relaxar e conhecer novos ares, está intimamente relacionado a férias. Ex: excursões pelo país, reconhecimento de interiores do estado, cruzeiros.

Lazer trabalhista: é a atividade realizada em determinado tempo vago que é dado ao trabalhador, geralmente as grandes empresas dão aos servidores 15 min para lancharem e realizaram estas atividades. Ex: ver tv, conversar com os outros funcionários tranquilamente, fazer ioga ou academia.

Lazer escolar: pode ser visto no recreio dos alunos ou na aula de Ed. Física, além disso, em aulas práticas de todas as matérias. Ex: exposição de pintura na aula de Artes, interclasse, show de talentos, festivais esportivos.



CONCLUSÃO

O lazer é uma atividade de extrema importância para o ser humano, uma vez que ele se envolve com muitas atividades obrigatórias e cansativas (trabalho, estudo) e merece um momento de descanso, tranqüilidade e diversão.

Este momento é acompanhado de diversas atividades as quais chamamos LAZER. O lazer é uma atividade prazerosa que deve fazer parte do seu cotidiano, mas não dominá-lo, ou seja, o lazer é bem-vindo mas não pode ser o centro de sua vida.

Como exemplo de lazer podemos dar desde olhar tv até fazer um cruzeiro. O lazer varia de acordo com a classe social, pois cada um realiza o que lhe proporciona felicidade e está ao seu alcance.

Educação Fisica Escolar Trabalho ou Lazer?

Por: Jorge Augusto Correa Ribeiro
XI EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar.







INTRODUÇÃO
A chegada do professor de educação física na escola é uma explosão de alegria, as crianças gritam e pulam de felicidade e uma pergunta sempre aparece na boca de um aluno "hoje vai ter aula de educação física professor?" essa ansiedade e alegria em alguns momentos contrastam com a tristeza que aparece com a chegada de alguns professores de outras disciplinas. Essa relação de prazer nas aulas de educação física muitas vezes é vista por professores de outras disciplinas como uma coisa descompromissada com o ato de educar sendo um ‘lazer’ para os alunos que se opõem a seriedade de suas aulas vista como "trabalho". O próprio aluno quando sai da sala de aula corre para quadra na procura da aula de educação física que ele tanto esperava naquele dia, como se ele estivesse saindo de uma prisão. É importante salientar que o uso dos termos trabalho e lazer usados aqui são construídos em uma visão de "senso comum" Aranha (2003) formada em uma comparação de valores, sendo o "trabalho superior ao lazer" Elias e Dunning (1985). Muitas vezes pra justificar a monotonia de algumas aulas o professor valoriza sua aula como o "instrumento que levará o aluno para o mercado de trabalho", isso ratificado por instrumentos de avaliação como o vestibular. A partir desse quadro uma pergunta surge: Porque os professores das demais disciplinas vêem a Educação Física como lazer e as suas disciplinas como trabalho?
"O trabalho, de acordo com a tradição, classifica-se a um nível superior, como um dever moral e um fim em si mesmo; o lazer classifica-se a um nível inferior como uma forma de indulgência. Este, aliás, é identificado com freqüência com o prazer ao qual também se atribui uma avaliação negativa na escala de valores nominais das sociedades industriais" (Elias e Dunning 1985).
1. TRABALHO
Uma boa justificativa para falta de prazer em aula é compará-la ao trabalho já que o próprio nome tem suas origens na palavra tripalium (três paus) instrumento utilizado no pescoço de alguns animais para puxar carroças (Aranha, 2006). Carmo (1993) coloca que o trabalho antes de alcançar o significado que tem hoje na sociedade designava atividades estafantes, insalubres e penosas, feitas por pessoas sem posse ou camponeses e que nos dias de hoje se transformou em fonte de alienação impondo horas de serviço repetitivo, automatizando ações. Atos de criatividade e inteligência no ato do trabalho são suprimidos. Mesmo cansados ou insatisfeitos somos levados a acreditar que nossa felicidade está ligada ao trabalho. Mesmo assim o trabalhador cria um laço de afeto com o trabalho.
Lafargue (2003) em seu livro direito a preguiça nos diz que essa relação que o trabalhador criou com o trabalho beira a insanidade trazendo pra si a miséria individual e social absorvendo suas forças vitais.
Eu entendo que na procura de colocar a sua disciplina como algo muito importante os professores a comparem ao trabalho, já que na sociedade capitalista atual os valores confiridos ao trabalho foram ideologicamente camuflados, para muitos o trabalho é a chave ou a habilidade para "vencer na vida" Carmo (1993). Mas eu vejo como um equivoco usar dessa comparação para justificar uma falta de prazer no processo de educar.
A escola historicamente já reproduz as diferenças sociais, autores como Sarup (1986) ou Althunsser (2001) já nos traziam essa característica da escola. Cabe ao professor romper com isso e construir ações (ou aulas) na tentativa de formar sujeitos que consigam entender os conflitos existentes na sociedade e atuar diretamente nela e esse processo pode e deve ser feito com prazer por alunos e professores.
Só justificaria uma comparação de qualquer disciplina com o trabalho se a mesma procurasse à transformação da natureza intencionalmente em uma condição de liberdade humana e interação entre o homem e o meio ambiente, se aproximando do que Sarup (1986 p.143) chamou de capacidade de trabalho.
"Os seres humanos agem sobre a natureza e modificam-lhe as formas de acordo com suas necessidades. Enquanto os outros animais trabalham por instinto, o trabalho humano é consciente, proposital, envolve conceptualização, e temos símbolos, linguagem para isso. Agindo sobre a natureza, portanto, modificamos a nossa própria natureza" (Sarup 1986)
Mas aí ficaria o desafio e a procura de uma aula que contempla-se essas características onde Marx citado por Sarup (1986), coloca como de qualidade, de potencial, vital, transformador e necessário ao homem.
2. LAZER E EDUCAÇÃO FISICA
O lazer é um fenômeno social construído no embate entre classes, surge na luta do trabalhador e de conquistas vindas do proletariado na urgência de melhores condições de trabalho. Uma delas é a diminuição da carga horária de trabalho com conseqüência um aumento do tempo livre. Melo e Alves Junior (2003) Confirmam isso e atentam para o lazer como fenômeno que não foi criado de forma pacífica, inocente, ingênuo ou dissociado de outros momentos da vida: "o moderno fenômeno do lazer foi gerado de uma clara tensão entre as classes sociais e da continua e complexa de controle/resistência, adequação/subversão".
A sociedade moderna tende a nomear como trabalho qualquer atividade que precise ser valorizada como produtiva e nessa escala de valores que usa o trabalho como adjetivo, a palavra lazer surge de forma pejorativa na sala de professores. Essa afirmação é fruto de um desconhecimento do significado do lazer na sociedade.
Podemos afirmar que o lazer é uma atividade de não trabalho e de tempo livre e encontra-se nele a busca pelo prazer. É importante salientar que prazer e lazer não são a mesmas coisas, Melo e Alves Junior (2003) nos colocam que "Os momentos de Lazer pressupõem a busca pelo prazer, mas que este não é exclusivo dos momentos de lazer." É provável que a relação de prazer estabelecida pelo aluno na aula de educação física através do jogar ou brincar seja o fator que leve os professores de outras disciplinas confundirem a educação física praticada na escola com uma atividade de lazer, isso em uma sociedade formada para o trabalho em que o mesmo para ser valorizado deve ser árduo e cansativo, o prazer é colocado em um nível inferior, nessa lógica "sofrer é nobre e ter prazer acaba indo para um plano inferior "(Elias e Dunning 1985).
3. EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR E OUTRAS DISCIPLINAS.
Essa relação equivocada de professores de outras disciplinas com a educação Física mostra um desconhecimento sobre essa como disciplina escolar que tem um conteúdo historicamente construído e próprio.
"a educação física é uma pratica pedagógica que no âmbito escolar tematiza formas de atividades expressivas corporais como jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal" (Coletivos de autores 1992 p50).
Esse equivoco pode estar relacionada com uma visão míope do ato de educar que desconsidera uma aula como uma forma de discutir valores significativos que auxiliem na construção de uma criticidade. Eu entendo que para esses professores, o ato de educar está diretamente relacionado com o conteúdo de suas disciplinas que pode ser um calculo matemático ou uma tabela periódica e nossa sociedade tende a valorizar o que é intelectual e pouco o que é manual em uma construção ideológica Aranha (2003) evidencia isso quando coloca que "... que a ideologia é maneira pela qual são estabelecidas as relações entre teoria e prática, colocando a teoria como superior a prática, porque antecede e ilumina as idéias tornando-se autônomas e são consideradas causa da ação humana (e não o contrário)" assim acabam vendo seu conteúdo como ferramenta de inserção no modo vida capitalista, um retorno objetivo para o aluno, desprezando assim os símbolos que podem estar incutidos em uma aula. O professor impregnado dos valores capitalista (quando eu digo professor me incluo) transforma sua aula (como o trabalho) em uma obrigação moral e o aluno que não acompanha é um preguiçoso que deve ser "punido com notas baixas, já que ele não produziu" Sarup (1986).
É difícil dentro de essa lógica ver em uma disciplina que "brinca" o ato de educar. Mas o prazer e o brincar não podem ser considerados um bem exclusivo da educação física, e eu acredito que o prazer deve estar em qualquer atividade humana, principalmente naquelas que existem na escola, já que educar é lidar com crianças, e elas só vão valorizar qualquer conhecimento se nele ela poder achar uma fonte de deleite.
CONCLUSÃO.
Alguns professores de outras disciplinas vêem a aula de educação física como lazer e sua aula como trabalho, essa comparação e feita por um desconhecimento do fenômeno do lazer na era moderna e pela procura de valorização da sua disciplina em uma escala comparativa de valores entre o trabalho e o lazer incucado ideologicamente na sociedade.
Isso pode estar relacionado com o prazer que existe nas aulas de educação física, já que se divertir (dentro de uma lógica equivocada) não precisa estar ligado ao ato de educar e estudar é "coisa seria" ou por achar que o conteúdo das disciplinas é o mais importante e não a transmissão de valores, cabe aqui um aprofundamento maior e uma pesquisa mais elaborada sobre esse tema na tentativa de clarificar essas questões.
Eu acredito que educar além de ensinar alguns saberes prático é discutir valores e isso pode ser feito com prazer independente da disciplina, e comparar o ato de educar com o trabalho pode facilitar para uma pratica educativa simplista que não irá contribuir significativamente na formação de sujeitos críticos e questionadores.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
  • Aranha, M. Filosofia da educação. 3ed. São Paulo: Moderna, 2003.
  • Althusser, L. Aparelhos ideológicos do estado. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2001.
  • Carmo, P. A ideologia do trabalho. São Paulo: Moderna, 1992.
  • Coll, C. et Al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1993.
  • Elias, N; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1985. Trad. Maria Manuela Almeida e Silva.
  • Lafargue, P. O direito à preguiça. São Paulo: Claridade, 2003.
  • Melo, V; Alves Junior, E. Introdução ao lazer. Barueri: Manole, 2003.
  • Sarup, M. Marxismo e educação; abordagem fenomenológica e marxista da educação. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. Trad. Waltensir Dutra.
  • Saviani, D. Escola e Democracia. 27 ed. Campinas: Autores Associados, 1993.

Educação Fisica Escolar Trabalho ou Lazer?

Por: Jorge Augusto Correa Ribeiro
XI EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar.



INTRODUÇÃO
A chegada do professor de educação física na escola é uma explosão de alegria, as crianças gritam e pulam de felicidade e uma pergunta sempre aparece na boca de um aluno "hoje vai ter aula de educação física professor?" essa ansiedade e alegria em alguns momentos contrastam com a tristeza que aparece com a chegada de alguns professores de outras disciplinas. Essa relação de prazer nas aulas de educação física muitas vezes é vista por professores de outras disciplinas como uma coisa descompromissada com o ato de educar sendo um ‘lazer’ para os alunos que se opõem a seriedade de suas aulas vista como "trabalho". O próprio aluno quando sai da sala de aula corre para quadra na procura da aula de educação física que ele tanto esperava naquele dia, como se ele estivesse saindo de uma prisão. É importante salientar que o uso dos termos trabalho e lazer usados aqui são construídos em uma visão de "senso comum" Aranha (2003) formada em uma comparação de valores, sendo o "trabalho superior ao lazer" Elias e Dunning (1985). Muitas vezes pra justificar a monotonia de algumas aulas o professor valoriza sua aula como o "instrumento que levará o aluno para o mercado de trabalho", isso ratificado por instrumentos de avaliação como o vestibular. A partir desse quadro uma pergunta surge: Porque os professores das demais disciplinas vêem a Educação Física como lazer e as suas disciplinas como trabalho?
"O trabalho, de acordo com a tradição, classifica-se a um nível superior, como um dever moral e um fim em si mesmo; o lazer classifica-se a um nível inferior como uma forma de indulgência. Este, aliás, é identificado com freqüência com o prazer ao qual também se atribui uma avaliação negativa na escala de valores nominais das sociedades industriais" (Elias e Dunning 1985).
1. TRABALHO
Uma boa justificativa para falta de prazer em aula é compará-la ao trabalho já que o próprio nome tem suas origens na palavra tripalium (três paus) instrumento utilizado no pescoço de alguns animais para puxar carroças (Aranha, 2006). Carmo (1993) coloca que o trabalho antes de alcançar o significado que tem hoje na sociedade designava atividades estafantes, insalubres e penosas, feitas por pessoas sem posse ou camponeses e que nos dias de hoje se transformou em fonte de alienação impondo horas de serviço repetitivo, automatizando ações. Atos de criatividade e inteligência no ato do trabalho são suprimidos. Mesmo cansados ou insatisfeitos somos levados a acreditar que nossa felicidade está ligada ao trabalho. Mesmo assim o trabalhador cria um laço de afeto com o trabalho.
Lafargue (2003) em seu livro direito a preguiça nos diz que essa relação que o trabalhador criou com o trabalho beira a insanidade trazendo pra si a miséria individual e social absorvendo suas forças vitais.
Eu entendo que na procura de colocar a sua disciplina como algo muito importante os professores a comparem ao trabalho, já que na sociedade capitalista atual os valores confiridos ao trabalho foram ideologicamente camuflados, para muitos o trabalho é a chave ou a habilidade para "vencer na vida" Carmo (1993). Mas eu vejo como um equivoco usar dessa comparação para justificar uma falta de prazer no processo de educar.
A escola historicamente já reproduz as diferenças sociais, autores como Sarup (1986) ou Althunsser (2001) já nos traziam essa característica da escola. Cabe ao professor romper com isso e construir ações (ou aulas) na tentativa de formar sujeitos que consigam entender os conflitos existentes na sociedade e atuar diretamente nela e esse processo pode e deve ser feito com prazer por alunos e professores.
Só justificaria uma comparação de qualquer disciplina com o trabalho se a mesma procurasse à transformação da natureza intencionalmente em uma condição de liberdade humana e interação entre o homem e o meio ambiente, se aproximando do que Sarup (1986 p.143) chamou de capacidade de trabalho.
"Os seres humanos agem sobre a natureza e modificam-lhe as formas de acordo com suas necessidades. Enquanto os outros animais trabalham por instinto, o trabalho humano é consciente, proposital, envolve conceptualização, e temos símbolos, linguagem para isso. Agindo sobre a natureza, portanto, modificamos a nossa própria natureza" (Sarup 1986)
Mas aí ficaria o desafio e a procura de uma aula que contempla-se essas características onde Marx citado por Sarup (1986), coloca como de qualidade, de potencial, vital, transformador e necessário ao homem.
2. LAZER E EDUCAÇÃO FISICA
O lazer é um fenômeno social construído no embate entre classes, surge na luta do trabalhador e de conquistas vindas do proletariado na urgência de melhores condições de trabalho. Uma delas é a diminuição da carga horária de trabalho com conseqüência um aumento do tempo livre. Melo e Alves Junior (2003) Confirmam isso e atentam para o lazer como fenômeno que não foi criado de forma pacífica, inocente, ingênuo ou dissociado de outros momentos da vida: "o moderno fenômeno do lazer foi gerado de uma clara tensão entre as classes sociais e da continua e complexa de controle/resistência, adequação/subversão".
A sociedade moderna tende a nomear como trabalho qualquer atividade que precise ser valorizada como produtiva e nessa escala de valores que usa o trabalho como adjetivo, a palavra lazer surge de forma pejorativa na sala de professores. Essa afirmação é fruto de um desconhecimento do significado do lazer na sociedade.
Podemos afirmar que o lazer é uma atividade de não trabalho e de tempo livre e encontra-se nele a busca pelo prazer. É importante salientar que prazer e lazer não são a mesmas coisas, Melo e Alves Junior (2003) nos colocam que "Os momentos de Lazer pressupõem a busca pelo prazer, mas que este não é exclusivo dos momentos de lazer." É provável que a relação de prazer estabelecida pelo aluno na aula de educação física através do jogar ou brincar seja o fator que leve os professores de outras disciplinas confundirem a educação física praticada na escola com uma atividade de lazer, isso em uma sociedade formada para o trabalho em que o mesmo para ser valorizado deve ser árduo e cansativo, o prazer é colocado em um nível inferior, nessa lógica "sofrer é nobre e ter prazer acaba indo para um plano inferior "(Elias e Dunning 1985).
3. EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR E OUTRAS DISCIPLINAS.
Essa relação equivocada de professores de outras disciplinas com a educação Física mostra um desconhecimento sobre essa como disciplina escolar que tem um conteúdo historicamente construído e próprio.
"a educação física é uma pratica pedagógica que no âmbito escolar tematiza formas de atividades expressivas corporais como jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal" (Coletivos de autores 1992 p50).
Esse equivoco pode estar relacionada com uma visão míope do ato de educar que desconsidera uma aula como uma forma de discutir valores significativos que auxiliem na construção de uma criticidade. Eu entendo que para esses professores, o ato de educar está diretamente relacionado com o conteúdo de suas disciplinas que pode ser um calculo matemático ou uma tabela periódica e nossa sociedade tende a valorizar o que é intelectual e pouco o que é manual em uma construção ideológica Aranha (2003) evidencia isso quando coloca que "... que a ideologia é maneira pela qual são estabelecidas as relações entre teoria e prática, colocando a teoria como superior a prática, porque antecede e ilumina as idéias tornando-se autônomas e são consideradas causa da ação humana (e não o contrário)" assim acabam vendo seu conteúdo como ferramenta de inserção no modo vida capitalista, um retorno objetivo para o aluno, desprezando assim os símbolos que podem estar incutidos em uma aula. O professor impregnado dos valores capitalista (quando eu digo professor me incluo) transforma sua aula (como o trabalho) em uma obrigação moral e o aluno que não acompanha é um preguiçoso que deve ser "punido com notas baixas, já que ele não produziu" Sarup (1986).
É difícil dentro de essa lógica ver em uma disciplina que "brinca" o ato de educar. Mas o prazer e o brincar não podem ser considerados um bem exclusivo da educação física, e eu acredito que o prazer deve estar em qualquer atividade humana, principalmente naquelas que existem na escola, já que educar é lidar com crianças, e elas só vão valorizar qualquer conhecimento se nele ela poder achar uma fonte de deleite.
CONCLUSÃO.
Alguns professores de outras disciplinas vêem a aula de educação física como lazer e sua aula como trabalho, essa comparação e feita por um desconhecimento do fenômeno do lazer na era moderna e pela procura de valorização da sua disciplina em uma escala comparativa de valores entre o trabalho e o lazer incucado ideologicamente na sociedade.
Isso pode estar relacionado com o prazer que existe nas aulas de educação física, já que se divertir (dentro de uma lógica equivocada) não precisa estar ligado ao ato de educar e estudar é "coisa seria" ou por achar que o conteúdo das disciplinas é o mais importante e não a transmissão de valores, cabe aqui um aprofundamento maior e uma pesquisa mais elaborada sobre esse tema na tentativa de clarificar essas questões.
Eu acredito que educar além de ensinar alguns saberes prático é discutir valores e isso pode ser feito com prazer independente da disciplina, e comparar o ato de educar com o trabalho pode facilitar para uma pratica educativa simplista que não irá contribuir significativamente na formação de sujeitos críticos e questionadores.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
  • Aranha, M. Filosofia da educação. 3ed. São Paulo: Moderna, 2003.
  • Althusser, L. Aparelhos ideológicos do estado. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2001.
  • Carmo, P. A ideologia do trabalho. São Paulo: Moderna, 1992.
  • Coll, C. et Al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1993.
  • Elias, N; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1985. Trad. Maria Manuela Almeida e Silva.
  • Lafargue, P. O direito à preguiça. São Paulo: Claridade, 2003.
  • Melo, V; Alves Junior, E. Introdução ao lazer. Barueri: Manole, 2003.
  • Sarup, M. Marxismo e educação; abordagem fenomenológica e marxista da educação. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. Trad. Waltensir Dutra.
  • Saviani, D. Escola e Democracia. 27 ed. Campinas: Autores Associados, 1993.

Educação Fisica Escolar Trabalho ou Lazer?

Por: Jorge Augusto Correa Ribeiro
XI EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar.



INTRODUÇÃO
A chegada do professor de educação física na escola é uma explosão de alegria, as crianças gritam e pulam de felicidade e uma pergunta sempre aparece na boca de um aluno "hoje vai ter aula de educação física professor?" essa ansiedade e alegria em alguns momentos contrastam com a tristeza que aparece com a chegada de alguns professores de outras disciplinas. Essa relação de prazer nas aulas de educação física muitas vezes é vista por professores de outras disciplinas como uma coisa descompromissada com o ato de educar sendo um ‘lazer’ para os alunos que se opõem a seriedade de suas aulas vista como "trabalho". O próprio aluno quando sai da sala de aula corre para quadra na procura da aula de educação física que ele tanto esperava naquele dia, como se ele estivesse saindo de uma prisão. É importante salientar que o uso dos termos trabalho e lazer usados aqui são construídos em uma visão de "senso comum" Aranha (2003) formada em uma comparação de valores, sendo o "trabalho superior ao lazer" Elias e Dunning (1985). Muitas vezes pra justificar a monotonia de algumas aulas o professor valoriza sua aula como o "instrumento que levará o aluno para o mercado de trabalho", isso ratificado por instrumentos de avaliação como o vestibular. A partir desse quadro uma pergunta surge: Porque os professores das demais disciplinas vêem a Educação Física como lazer e as suas disciplinas como trabalho?
"O trabalho, de acordo com a tradição, classifica-se a um nível superior, como um dever moral e um fim em si mesmo; o lazer classifica-se a um nível inferior como uma forma de indulgência. Este, aliás, é identificado com freqüência com o prazer ao qual também se atribui uma avaliação negativa na escala de valores nominais das sociedades industriais" (Elias e Dunning 1985).
1. TRABALHO
Uma boa justificativa para falta de prazer em aula é compará-la ao trabalho já que o próprio nome tem suas origens na palavra tripalium (três paus) instrumento utilizado no pescoço de alguns animais para puxar carroças (Aranha, 2006). Carmo (1993) coloca que o trabalho antes de alcançar o significado que tem hoje na sociedade designava atividades estafantes, insalubres e penosas, feitas por pessoas sem posse ou camponeses e que nos dias de hoje se transformou em fonte de alienação impondo horas de serviço repetitivo, automatizando ações. Atos de criatividade e inteligência no ato do trabalho são suprimidos. Mesmo cansados ou insatisfeitos somos levados a acreditar que nossa felicidade está ligada ao trabalho. Mesmo assim o trabalhador cria um laço de afeto com o trabalho.
Lafargue (2003) em seu livro direito a preguiça nos diz que essa relação que o trabalhador criou com o trabalho beira a insanidade trazendo pra si a miséria individual e social absorvendo suas forças vitais.
Eu entendo que na procura de colocar a sua disciplina como algo muito importante os professores a comparem ao trabalho, já que na sociedade capitalista atual os valores confiridos ao trabalho foram ideologicamente camuflados, para muitos o trabalho é a chave ou a habilidade para "vencer na vida" Carmo (1993). Mas eu vejo como um equivoco usar dessa comparação para justificar uma falta de prazer no processo de educar.
A escola historicamente já reproduz as diferenças sociais, autores como Sarup (1986) ou Althunsser (2001) já nos traziam essa característica da escola. Cabe ao professor romper com isso e construir ações (ou aulas) na tentativa de formar sujeitos que consigam entender os conflitos existentes na sociedade e atuar diretamente nela e esse processo pode e deve ser feito com prazer por alunos e professores.
Só justificaria uma comparação de qualquer disciplina com o trabalho se a mesma procurasse à transformação da natureza intencionalmente em uma condição de liberdade humana e interação entre o homem e o meio ambiente, se aproximando do que Sarup (1986 p.143) chamou de capacidade de trabalho.
"Os seres humanos agem sobre a natureza e modificam-lhe as formas de acordo com suas necessidades. Enquanto os outros animais trabalham por instinto, o trabalho humano é consciente, proposital, envolve conceptualização, e temos símbolos, linguagem para isso. Agindo sobre a natureza, portanto, modificamos a nossa própria natureza" (Sarup 1986)
Mas aí ficaria o desafio e a procura de uma aula que contempla-se essas características onde Marx citado por Sarup (1986), coloca como de qualidade, de potencial, vital, transformador e necessário ao homem.
2. LAZER E EDUCAÇÃO FISICA
O lazer é um fenômeno social construído no embate entre classes, surge na luta do trabalhador e de conquistas vindas do proletariado na urgência de melhores condições de trabalho. Uma delas é a diminuição da carga horária de trabalho com conseqüência um aumento do tempo livre. Melo e Alves Junior (2003) Confirmam isso e atentam para o lazer como fenômeno que não foi criado de forma pacífica, inocente, ingênuo ou dissociado de outros momentos da vida: "o moderno fenômeno do lazer foi gerado de uma clara tensão entre as classes sociais e da continua e complexa de controle/resistência, adequação/subversão".
A sociedade moderna tende a nomear como trabalho qualquer atividade que precise ser valorizada como produtiva e nessa escala de valores que usa o trabalho como adjetivo, a palavra lazer surge de forma pejorativa na sala de professores. Essa afirmação é fruto de um desconhecimento do significado do lazer na sociedade.
Podemos afirmar que o lazer é uma atividade de não trabalho e de tempo livre e encontra-se nele a busca pelo prazer. É importante salientar que prazer e lazer não são a mesmas coisas, Melo e Alves Junior (2003) nos colocam que "Os momentos de Lazer pressupõem a busca pelo prazer, mas que este não é exclusivo dos momentos de lazer." É provável que a relação de prazer estabelecida pelo aluno na aula de educação física através do jogar ou brincar seja o fator que leve os professores de outras disciplinas confundirem a educação física praticada na escola com uma atividade de lazer, isso em uma sociedade formada para o trabalho em que o mesmo para ser valorizado deve ser árduo e cansativo, o prazer é colocado em um nível inferior, nessa lógica "sofrer é nobre e ter prazer acaba indo para um plano inferior "(Elias e Dunning 1985).
3. EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR E OUTRAS DISCIPLINAS.
Essa relação equivocada de professores de outras disciplinas com a educação Física mostra um desconhecimento sobre essa como disciplina escolar que tem um conteúdo historicamente construído e próprio.
"a educação física é uma pratica pedagógica que no âmbito escolar tematiza formas de atividades expressivas corporais como jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal" (Coletivos de autores 1992 p50).
Esse equivoco pode estar relacionada com uma visão míope do ato de educar que desconsidera uma aula como uma forma de discutir valores significativos que auxiliem na construção de uma criticidade. Eu entendo que para esses professores, o ato de educar está diretamente relacionado com o conteúdo de suas disciplinas que pode ser um calculo matemático ou uma tabela periódica e nossa sociedade tende a valorizar o que é intelectual e pouco o que é manual em uma construção ideológica Aranha (2003) evidencia isso quando coloca que "... que a ideologia é maneira pela qual são estabelecidas as relações entre teoria e prática, colocando a teoria como superior a prática, porque antecede e ilumina as idéias tornando-se autônomas e são consideradas causa da ação humana (e não o contrário)" assim acabam vendo seu conteúdo como ferramenta de inserção no modo vida capitalista, um retorno objetivo para o aluno, desprezando assim os símbolos que podem estar incutidos em uma aula. O professor impregnado dos valores capitalista (quando eu digo professor me incluo) transforma sua aula (como o trabalho) em uma obrigação moral e o aluno que não acompanha é um preguiçoso que deve ser "punido com notas baixas, já que ele não produziu" Sarup (1986).
É difícil dentro de essa lógica ver em uma disciplina que "brinca" o ato de educar. Mas o prazer e o brincar não podem ser considerados um bem exclusivo da educação física, e eu acredito que o prazer deve estar em qualquer atividade humana, principalmente naquelas que existem na escola, já que educar é lidar com crianças, e elas só vão valorizar qualquer conhecimento se nele ela poder achar uma fonte de deleite.
CONCLUSÃO.
Alguns professores de outras disciplinas vêem a aula de educação física como lazer e sua aula como trabalho, essa comparação e feita por um desconhecimento do fenômeno do lazer na era moderna e pela procura de valorização da sua disciplina em uma escala comparativa de valores entre o trabalho e o lazer incucado ideologicamente na sociedade.
Isso pode estar relacionado com o prazer que existe nas aulas de educação física, já que se divertir (dentro de uma lógica equivocada) não precisa estar ligado ao ato de educar e estudar é "coisa seria" ou por achar que o conteúdo das disciplinas é o mais importante e não a transmissão de valores, cabe aqui um aprofundamento maior e uma pesquisa mais elaborada sobre esse tema na tentativa de clarificar essas questões.
Eu acredito que educar além de ensinar alguns saberes prático é discutir valores e isso pode ser feito com prazer independente da disciplina, e comparar o ato de educar com o trabalho pode facilitar para uma pratica educativa simplista que não irá contribuir significativamente na formação de sujeitos críticos e questionadores.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
  • Aranha, M. Filosofia da educação. 3ed. São Paulo: Moderna, 2003.
  • Althusser, L. Aparelhos ideológicos do estado. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2001.
  • Carmo, P. A ideologia do trabalho. São Paulo: Moderna, 1992.
  • Coll, C. et Al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1993.
  • Elias, N; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1985. Trad. Maria Manuela Almeida e Silva.
  • Lafargue, P. O direito à preguiça. São Paulo: Claridade, 2003.
  • Melo, V; Alves Junior, E. Introdução ao lazer. Barueri: Manole, 2003.
  • Sarup, M. Marxismo e educação; abordagem fenomenológica e marxista da educação. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. Trad. Waltensir Dutra.
  • Saviani, D. Escola e Democracia. 27 ed. Campinas: Autores Associados, 1993.